quinta-feira, 31 de março de 2011

OS LUSIADAS - CANTO 1 (51 A 55)


Os Lusíadas Canto1
           51 a 55
51

"Do mar temos corrido e navegado
Toda a parte do Antártico e Calisto,
Toda a costa Africana rodeado,
Diversos céus e terras temos visto;
Dum Rei potente somos, tão amado,
Tão querido de todos, e benquisto,
Que não no largo mar, com leda fronte,
Mas no lago entraremos de Aqueronte.

52

"E por mandado seu, buscando andamos
A terra Oriental que o Indo rega;
Por ele, o mar remoto navegamos,
Que só dos feios focas se navega.
Mas já razão parece que saibamos,
Se entre vós a verdade não se nega,
Quem sois, que terra é esta que habitais,
Ou se tendes da Índia alguns sinais?"

53

"Somos, um dos das ilhas lhe tornou,
Estrangeiros na terra, Lei e nação;
Que os próprios são aqueles, que criou
A natura sem Lei e sem razão.
Nós temos a Lei certa, que ensinou
O claro descendente de Abraão
Que agora tem do mundo o senhorio,
A mãe Hebréia teve, e o pai Gentio.
Informações. A Ilha de Moçambique.

54

"Esta ilha pequena, que habitamos,
em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique.

55

"E já que de tão longe navegais,
Buscando o Indo Idaspe e terra ardente,
Piloto aqui tereis, por quem sejais
Guiados pelas ondas sabiamente.
Também será bem feito que tenhais
Da terra algum refresco, e que o Regente
Que esta terra governa, que vos veja,
E do mais necessário vos proveja."

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